pedra do sal



A Pedra do Sal, assim chamada devido ao sal que ali era desembarcado e comercializado, foi o berço do Samba carioca no final do século XIX. O ponto de encontro do ritmo carioca era um ambiente recheado de inspirações vivas de grupos de samba e ranchos de carnaval.

O Samba nasceu efetivamente dos terreiros da cercania do porto sob contribuições decisivas das músicas que eram cantadas e, sobretudo, das reuniões ali promovidas. Tendo a cidade sido durante muito tempo o foco das migrações internas do Brasil, o Samba beneficiou-se dessa fusão que absorveu durante anos características importantes das manifestações culturais trazidas pelos negros e daqueles nascidos em terras brasileiras como resultado das contribuições africanas, indígenas e portuguesas. Por isso a Saúde é reconhecida como berço da cultura popular carioca.

Dos moradores do lugar destacam-se Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros, nascido no morro do Livramento e João da Baiana, compositor e percussionista carioca, introdutor do pandeiro no samba.

Nas décadas de 20 e 30, os ranchos de carnaval atingiram o auge. Deixaram de ser a manifestação popular da Pedra do Sal e passaram a fazer sucesso nas camadas mais altas da sociedade.

Foram em bairros como Saúde, Gamboa e Santo Cristo, que também se originou e se definiu o botequim. O gênero surgiu a partir das antigas "boticas", pequenos armazéns de secos e molhados em que se encontrava de tudo. Os cariocas costumavam passar pelas "botiquinhas" para completar as compras que faziam nas feiras, e aproveitavam para degustar alguns quitutes, acompanhados de um vinho. Sem ser restaurantes, essas casas, uma mistura de armazém e bar, criaram um estilo que sobrevive em todo o país, com alguns exemplares autênticos remanescentes dos velhos tempos. É o caso do bar do Seu Domingos, de 1922, no Santo Cristo; do bar do seu Odilo, de 1910, na Saúde; ou, ainda, do próprio e tradicional Recanto da Pedra do Sal.

Embora situados a muito poucos minutos do burburinho da Praça Mauá e da Avenida Rio Branco, um dos maiores eixos de circulação do centro da cidade do Rio de Janeiro, os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo refletem, pela vida de sua população, uma significativa distância comportamental do restante da cidade, revelada em hábitos, padrões de comportamento e formas de uso do espaço público não mais encontrados no restante da cidade. A imagem de calma e tranquilidade é transmitida pela permanência das festas coletivas, das cadeiras nas calçadas e das conversas nos fins de tarde.


Samba na Pedra do Sal com o Batuque na Cozinha.

Um comentário:

  1. Sempre passo por aqui para admirar seu trabalho... parabéns!! e muito obrigada!

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