Marcos Ariel

Músico reconhecido e com mais de 30 anos de carreira, Marcos Ariel se renova. Exímio pianista e flautista, no álbum Noites da Lapa Marcos canta um repertório bem humorado e jovem. O disco inaugura parceria do novo selo Rio Scenarium com a experiência do MP,B e distribuição da Universal Music. A relação de Marcos Ariel com a boemia musical da Lapa é longa. Quando o bairro foi revitalizado e pipocaram novos espaços, ele já estava por lá em temporada com seu ótimo grupo Tigres da Lapa. O novo CD tem o clima dos bares e casas de shows da região. Uma música que nasce com o samba e o choro, mas aceita novos ritmos e idéias. Marcos Ariel mistura desde a bossa até pitadas de breque, gafieira chegando a flertar com o rap. O clima é de dança de salão, os movimentos da música são livres como uma boa noite na Lapa. Marcos Ariel não é grande cantor, mas sabe utilizar a voz de maneira peculiar e charmosa. Prova isso na divertida Parei com Nova York: "O Rio de Janeiro apesar da confusão / Ainda é uma cidade que eu amo de paixão", declara em verso. A Lapa não está só no título e na foto de capa. Paisagens, points e personagens que circulam pela região também passam pelas letras de Marcos Ariel. Como na faixa-título, que faz um passeio pelas melhores casas da região e ainda um encontro com Zé Paulo, o violonista José Paulo Becker que, por sinal, participa da música. Em Dona Cristina conta a história de um boêmio apaixonado por uma funcionária pública. "Se eu pudesse faria concurso / Pra ser funcionário da repartição / Mas minha vida é meio sem horário", explica na letra que remete ao fuso horário de Chico Buarque cantando "Eu sou funcionário, ela é bailarina". Outro tema bem humorado de amor vem em Botequim fechado, em que compara: "Meu coração sem você é um botequim fechado / É ter de trabalhar em pleno feriado". A bossa clássica chega em um arranjo jazzy que mistura (bem) Garota de Ipanema e Desafinado. Espaço aberto para os clássicos, é a vez de Brasileirinho, pulsante e acelerado no piano; pronto para a noite. O tradicional choro ganha mais homenagens em Assim eu choro, que traz na letra citações a diversas músicas e aos mestres. A Lapa de Marcos Ariel é um estado de espírito. Fechando os olhos para os sérios problemas de segurança e infra-estrutura do bairro, afinal de contas é onde se concentra o melhor corredor cultural do Rio. Atrás dos Arcos, a boa música ainda vive democrática e saudável. Marcos Ariel sabe disso e festeja seu canto da cidade.

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