imperatriz leopoldinense

Desde sua fundação, na hoje quase longínqua sexta-feira, 6 de março de 1959, a Imperatriz Leopoldinense se preocupou com a difusão da cultura. A reunião que a fez surgir, realizada na casa do farmacêutico Amaury Jorio , tinha um objetivo: fundar uma grande Escola de Samba, que agregasse, em seus quadros, a nata dos sambistas da Zona da Leopoldina e pudesse suceder o Recreio de Ramos. Para este primeiro encontro, na casa que serviria por sete anos como sede da nova Escola de Samba, foram chamados Oswaldo Gomes Pereira, Elísio Pereira de Mello. Aloísio Soares Braga, José da Silva, Jorge Costa, Jorge Salaman, Agenor Gomes Pereira, Vicente Venâncio da Conceição, Manoel Vieira, Manuel Hermógenes dos Santos, Arlindo de Oliveira Lima, Nair dos Santos Vaz, Nair da Silva, Francisco José Fernandes e Claudionor Belizário. Retirei das agremiações e blocos da Zona da Leopoldina a nata do samba, o que eles tinham de melhor. Foi um árduo trabalho de garimpagem, escolhendo e convencendo os sambistas a se juntarem a nós”, contava o habilidoso político Amaury Jorio, escolhido secretário da Junta Governativa eleita para comandar os destinos da nova agremiação – Oswaldo Gomes Pereira, presidente, e Arlindo de Oliveira Lima, tesoureiro, completam o grupo que foi incubido de legalizar a Escola e criar seu Regimento Interno. Como a idéia era, realmente, unir as agremiações da região, a idéia de Manoel Vieira, de chamar a nova escola de Imperatriz Leopoldinense, foi imediatamente aceita pelas senhoras Nair dos Santos Vaz e Nair da Silva – contando com o apoio de Amaury Jorio e Oswaldo Gomes Pereira. A escolha das cores, porém, provocou intensos debates, mas Vicente Venâncio conseguiu aprovar o verde e branco, que nos anos 70 recebeu estatutariamente a adição do ouro. A Bandeira cujo croquis é de autoria de Agenor Gomes Pereira, consiste numa faixa transversal verde que corta o pavilhão branco e onde se pode ler o nome da Escola e contém, também, uma coroa e 12 estrelas douradas, representando os bairros da região: São Cristóvão, Triagem, Manguinhos, Bonsucesso, Olaria, Penha, Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas e Vigário Geral, sendo a de Ramos, local de nascimento e da sede até hoje, a de maior destaque. Definidas a diretoria, o nome, as cores e a bandeira, faltava eleger a madrinha – e foi o Império Serrano, de tantas glórias, já então, a Escola escolhida. Como símbolo, é claro, uma coroa, mas aquela do primeiro reinado, período no qual a Imperatriz Leopoldina reinou no Brasil. Estavam, enfim, definidas as bases que é, hoje, uma das maiores Escolas de Samba do Brasil e a primeira tricampeã do Sambódromo. Em seu primeiro desfile, no carnaval de 1960, a Imperatriz Leopoldinense já demonstrava sua preocupação com a cultura. Com o enredo Homenagem à Academia Brasileira de Letras, a escola conquistou o sexto lugar no terceiro grupo. Já com Amaury Jorio como presidente, a Imperatriz levou para a Praça XI, no carnaval de 1961, o tema Riquezas e Maravilhas do Brasil, de autoria do próprio presidente, e que valeu à escola seu primeiro título de campeã. Foi Amaury, também, que criou em 1967, o primeiro Departamento Cultural de uma Escola de Samba. Por muito tempo foi o Departamento Cultural que criou e desenvolveu os enredos da Imperatriz – entre eles Bahia em Festa (1968, 2º lugar no grupo 2); Brasil, flor amorosa de três reças (1969, 8º lugar no Grupo 1); 1922 – Oropa, França e Bahia (1970, 6º lugar no Grupo 1); Barra de ouro, barra de rio, barra de saia (1971, 7º lugar no Grupo 1) e Martim Cererê (1972, 4º lugar no Grupo 1). Aliás, falar de Imperatriz Leopoldinense sem falar de Maury Jorio é algo impossível. Foi ele quem comprou os primeiros instrumentos da bateria da Escola. Se hoje a quantidade pode parecer pequena (eram 30), para a época o número era bastante expressivo. Sua participação foi tão Importante que, querendo livrar sua escola da sina da instabilidade, Amaury convidou o amigo Luiz Pacheco Drumond para finalmente consolidar o sonho de que a Imperatriz deveria ser uma grande Escola de Samba. Luizinho, como Amaury o chamava, chegou à escola prometendo a compra de uma quadra. Promessa imediatamente cumprida! A partir daí, era hora de estruturar a Imperatriz Leopoldinense para os desfiles. E veio, então, Arlindo Rodrigues – e com ele a imperatriz do samba da Leopoldina conquistou, afinal, seu primeiro título entre as grandes Escolas de Samba do Rio de Janeiro, em 1980, com O que que a Bahia tem. O campeonato, porém, fora dividido com a Portela e a Beija-Flor. E isso era muito pouco para o empreendedor Luizinho. Mantendo a parceria com Arlindo Rodrigues, o hoje presidente de honra levou a escola ao Bicampeonato com o tema O teu cabelo não nega, homenagem ao compositor Lamartine Babo. Hoje, a Imperatriz tem no su currículo nove conquistas (além dos já citados campeonatos de 1961, no grupo3, e 1980 e 1981, no Especial, há, também no Especial, em 1989, como Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós; 1994, como Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e tabajeres; 1995, com Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube...Lá no Ceará; 1999, com Brasil mostra a sua cara em...Theatrum Rerum Naturalium Brasilie; 2000, com Quem descobriu o Brasil foi seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval; e em 2001, com Cana-Caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, Pernanbuco... Quero vê desce o suco, na pancada do Ganzá). Como se vê, não há como falar de Imperatriz sem exaltar Amaury Jorio e Luiz Pacheco Drumond. Não que os demais que derramaram seu sangue, suor e lágrimas não tenham sido importantes, nada disso. Mas o primeiro sonhador, lançou a semente da grande Escola de Samba; o segundo, decidido, deu vigor àquela raiz e fez desenvolver frondosa a árvore que abriga, como desejava Amaury, alguns dos maiores nomes da história do Carnaval do Rio de Janeiro.

memórias do carnaval

Nenhum comentário:

Postar um comentário