Embora pouco presente sob os holofotes da mídia principal, Nei Lopes é hoje um nome de peso na cultura brasileira, constituindo-se mesmo numa referência. Sambista, compositor popular e, hoje, cada vez mais escritor, Nei vem, desde pelo menos os anos 80, marcando decisivamente seu espaço, às vezes com guinadas surpreendentes. Ligado às escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro (como compositor) e Vila Isabel (como dirigente), hoje mantém com elas ligações puramente afetivas. Compositor profissional desde 1972, vem, desde os anos 90 esforçando-se pelo rompimento das fronteiras discriminatórias que separam o samba da chamada MPB, em parcerias com músicos como Guinga, Zé Renato, Fátima Guedes e Moacyr Luz, esforço esse que culminou com sua participação no projeto “Ouro Negro”, em homenagem aos maestro Moacir Santos. O trabalho resultou em cinco elogiadas letras, escritas para canções do homenageado, gravadas em CD por Milton Nascimento, Gilberto Gil, João Bosco, Djavan e Ed Motta. Intérprete de suas próprias canções, Nei Lopes tem vários discos gravados, em registros solo ou em conjunto com outros artistas, como o CD “Nei Lopes - De Letra & Música” (Velas, 2000), em que recebe como convidados Alcione, Chico Buarque, Emílio Santiago, Dona Ivone Lara, João Bosco, Martinho da Vila, Dudu Nobre, Dunga, Arlindo Cruz & Sombrinha, Zé Renato, Toque de Prima, Fátima Guedes e Zeca Pagodinho. Em 2004, lança, pela FINA FLOR o CD PARTIDO AO CUBO (release ao final). Em televisão, Nei Lopes escreveu e apresentou, entre outros musicais, “Pagode” (Rede Globo, 1987); “Dia Nacional do Samba” (Manchete, 1988); “Presença Negra”(TV-E, Rede Brasil, 1995); e “Saravá, Tio Samba”(Idem, 1996). Em teatro, encenou “Oh, Que Delícia de Negras!”, revista musical, com partitura de Cláudio Jorge (Teatro Rival, 1989); “Clementina” (1999) e “O Rancho da Sereia” (2000) com o elenco de alunos de teatro do Centro Cultural José Bonifácio, da Prefeitura do Rio. No plano internacional, Nei Lopes apresentou-se em 1997 em Angola, em espetáculos nas cidades de Luanda, Benguela, Lobito e Lubango, nas comemorações do “Festival do Trabalhador”, em 1987; e em Havana, Cuba, no “Festival Internacional da Juventude”, em 1997 e no Cubadisco, em maio de 2001. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Nei Lopes é autor, também, de vasta obra publicada em livros e assemelhados, na qual se destacam: O samba, na realidade... ; a utopia da ascensão social do sambista. Rio, Codecri, 1981; Islamismo e negritude (c/ João Baptista M. Vargens). Rio, Centro de Estudos Árabes, Faculdade de Letras, UFRJ, 1982; Egungun, ancestralidade africana no Brasil (c/ Juana Elbein dos Santos). Salvador, SECNEB, 1982 [publicado como encarte do disco lp de mesmo nome]; Pagode, o samba guerrilheiro do Rio. In Notas Musicais Cariocas (org. J.B.M. Vargens), Petrópolis, Vozes, 1986; Bantos, Malês e identidade negra , Rio, Forense-Universitária, 1988; Música popular, repressão e resistência - uma cronologia. In Cativeiro & Liberdade, Rio, IFCH-UERJ, 1989; O Negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical, Rio, Pallas, 1992; Afro-brazilian music and identity. In Conexões, Michigan State University/African Diaspora Research Project, vol. 5, # 1, april, 1993; Onomástica palmarina. In Carta, nº 13, Brasília, Gabinete do Senador Darcy Ribeiro, 1994; Incursões sobre a pele (poemas). Rio, Artium, 1996; Dicionário Banto do Brasil , Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1996 (a 2ª edição revista e aumentada está no prelo, para ser lançada por Pallas Editora); Rebouças, Teodoro e Juliano, Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio, 1997; As línguas dos povos Bantos e o português do Brasil, idem. Uma breve história do Samba [publicado como encarte da coletânea de Cds “Apoteose ao Samba”] , Rio, EMI, 1997; 171, Lapa-Irajá : Casos e Enredos do Samba. Rio, Folha Seca, 1999 ; Logun-Edé: Santo menino que velho respeita (Pallas Editora, 1999); Zé Kéti, o samba sem senhor (Relume Dumará, 1999); Salve lindo pandeiro, salve salve!. In “Para Entender o Brasil”, 2000. – Artigo sobre a importância da tradição musical negra, e principalmente do samba, na música popular brasileira; A Encantadora Música do Rio. In “Guia Amoroso do Rio”, Riotur, 2000 – Pequeno esboço histórico e estético do samba do choro e da bossa-nova. Rio, Zona Norte. Dá até samba! . In “Zona Norte: território da alma carioca”, (org. Lúcia Rito) Norteshopping, 2001 – Artigo sobre a música no subúrbio carioca; Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana – Inventário, em forma de dicionário, de um conjunto de informações multidisciplinares referentes ao universo das culturas africanas (as atingidas pelo escravismo europeu), afro-americanas e afro-brasileiras, constituindo um corpus de aproximadamente 7 mil entradas, contendo biografias, definições e outras informações de cunho enciclopédico, a partir de um ponto de vista brasileiro (Summus Editorial/Selo Negro, São Paulo, 2004). Em 2001, Nei Lopes lança pela Dantes Editora, um livro, encomendado, sobre História e curiosidades bem-humoradas dos subúrbios cariocas. Chama-se “Guimbaustrilho e outros mistérios suburbanos”.fonte: mpb net
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