portela

HISTÓRIA - Criada em 1644, a antiga freguesia de Irajá se estendia por uma vasta região ocupada por fazendas. Esta imensa área, ao longo dos séculos XVIII e XIX, chegou a ter 13 engenhos de açúcar produtivos e importantes economicamente. Entre eles, talvez o mais próspero, merece destaque o Engenho do Portela, cujos escravos, no labor do dia-a-dia, contribuiriam para engrandecer a região que se estendia da Fazenda do Campinho até o Rio das Pedras, e que mais tarde herdaria o nome do boiadeiro e mercador mais famoso da localidade: Lourenço Madureira. Em fins do século XIX e início do século XX, a economia da região, amparada principalmente na força do trabalho escravo, entra em uma inevitável crise. Os antigos latifúndios são aos poucos repartidos por pessoas pobres que fugiam das reformas urbanas que ocorriam no centro da capital da jovem República Brasileira. O trem, chegado em 1890, trazia diariamente um grande contingente de pessoas desprovidas de qualquer bem material para os já conhecidos subúrbios. Especialmente, merece destaque a brava população que, enfrentando todos os tipos de dificuldades, ocupou a região próxima ao Rio das Pedras através da antiga estação de Dona Clara. Mais tarde, a ainda jovem localidade, que herdou o nome do Rio vizinho, receberia o definitivo nome de Oswaldo Cruz em 1904 homenagem do Prefeito Pereira Passo ao grande sanitarista que exterminou a febre amarela no Rio de Janeiro. Os negros trouxeram sua música, sua dança, sua religião e sua inigualável forma de enfrentar a dor através da arte para a "roça". Foram estes negros, muitos deles vindos de outras partes do Brasil, sobretudo de Minas Gerais e do antigo Estado do Rio, que plantaram a semente da batucada nas festas da região. O cavalo torna-se o principal meio de transporte. Imensos valões dificultavam a passagem dos moradores. Não havia água, luz ou qualquer tipo de conforto já comum nos bairros mais abonados da cidade. O antigo engenho cedeu espaço e nome para a principal via da região: a estrada do Portela. Os primeiros portelenses foram verdadeiros alquimistas. Magos capazes de transformar dor em arte, e sofrimento em notas musicais. A dificuldade, em suma, foi a matéria-prima das primeiras composições da PORTELA. Esta integração foi fundamental para a história da Portela, pois possibilitou uma vida social marcada por festas religiosas, batucadas e jongo, manifestação cultural herdada dos antepassados escravos. COMO TUDO COMEÇOU - Em 1923, existiam em Oswaldo Cruz, os bloco carnavalescos Bainaninha de Oswaldo Cruz e Quem fala de nós come mosca, o primeiro formados por adultos entre eles Galdino Marcelino dos Santos, Antônio Caetano, Antônio Rufino e Candinho (primeIro mestre de canto, hoje intérprete de samba) e Paulo Benjamim de Oliveira , O Paulo da PORTELA (segundo mestre de canto), Claudionor Marcelino, irmão de Gaudino José da Costa, Álvaro Sales, Angelino Vieira, Manoel Barbeiro, Alfredo Pereira da Costa, Carminha, Benedito do Braz (componentes). E o segundo bloco formados por crianças. A festeira dona Esther Maria de Jesus, do Come Mosca por ter muita influência na área política da época, conseguiu toda a legalização na polícia (Registro e Permissão de Funcionamento) para o bloco sair. O Come Mosca, por ser comporto por crianças saia apenas durante o dia. O Baianinhas que descia à noite para a Praça Onze, levava emprestada a licença do Come Mosca. O fato fazia com que muita gente confundisse os blocos. Em 1926, foi fundado, embaixo de uma mangueira, na casa de seu NAPOLEÂO (pai de NATAL), o bloco carnavalesco Conjunto Oswaldo Cruz, que é a fusão dos Blocos Baianinhas e Come Mosca, tendo como principais responsáveis: Paulo Benjamim de Oliveira, Antônio Caetano e Antônio Rufino, sendo feita a primeira Junta Governativa - Paulo da Portela o Presidente, Antônio Caetano o Secretário e Antônio Rufino o Tesoureiro. A PORTELA E SÃO SEBASTIÃO - Em 1929, dia 20 de Janeiro (Dia de Oxossi), Heitor do Prazeres, representante do conjunto vence o primeiro concurso entre as Escolas de Samba e, na volta para Oswaldo Cruz, troca o nome do conjunto por QUEM NÓS FAZ É O CAPRIXO. Inconformado, em 1930, Manuel Bam Bam Bam, assume do controle do grupo e transforma o Quem nós faz é o caprixo em Vai como pode. Apesar de ser citado apenas Vai como pode, como o bloco antecessor da PORTELA, os pioneiro são os Baianinhas e Come Mosca. Por isso , a data de fundação da escola é 11 de abril de 1923. O Batismo da PORTELA, foi realizado por dona Esther Maria de Jesus (do Bloco Come Mosca), que consagrou Nossa Senhora da Conceição (Oxum) como madrinha e São Sebastião (Oxóssi) como padrinho. Hoje, Nossa Senhora da Conceição é a padroeira da escola, e São Sebastião é o santo protetor da bateria. Todo diia 20 de janeiro a PORTELA sai às ruas em procissão a São Sebastião. Muitos afirmam que as características peculiares da bateria da PORTELA foram inspiradas nas batidas dos atabaques para Oxossi. AS SEDES - A primeira sede da PORTELA foi na casa de PAULO DA PORTELA, na Barra Funda. A segunda, na Estrada do Portela nº 412, onde mais tarde foi construído o Bar do Nozinho. A terceira na Estrada do Portela, onde foi construído depois a Portelinha, e a quarta, na Rua Arruda Câmara que passou a se chamar Rua Clara Nunes (famosa portelense) após sua morte, o Portelão. NATAL - Natalino José do Nascimento o Natal e a Portela. A história da PORTELA está intimamente ligada à vida de Natal, já que foi nos fundos da casa de seu pai, Napoleão na esquina da Rua Joaquim Teixeira com a estrada do Portela, que foi fundada a escola. Foi com a morte de Paulo da Portela que Natal resolveu se integrar a PORTELA e ajudou a transformá-la na maior de todas as escolas de samba. Em 1972, Natal começou a construir a atual sede da PORTELA, o PORTELÂO. Natal foi um sambista rei. Rei do samba, do bairro, da cidade. Natal foi um sambista que nunca fez samba, que nunca desenhou um passo, que nunca cantarolou um refrão siquer. Às vezes, nos perguntamos de onde surgiu tanto respeito, tanto temor, tanto amor e ódio por um homem comum, que andava sempre com seu paletó de pijamas, de chinelos, um cigarro no canto da boca, um chapéu no alto da cabeça e com apenas um braço? Natal dizia que se tivesse dois braços seria covardia.

memórias do carnaval da tv globo

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