marquinho china

Há uns vinte e cinco anos, a rapaziada que estava presente numa roda de samba que acontecia perto da Escola Quinze aguardava a hora em que seria sorteado o brinde. No meio do pessoal, havia três “Marquinhos”; mas na sacola com os nomes para o sorteio, apenas um. Para não dar confusão, Arlindo Cruz resolveu: “Bom, você já é o PQD; você, o Lessa; e o meu compadre... Peraí! China! Pronto! Você quando ri fecha os olhos... Então é China.” A partir daí, Marco Antonio Cruz de Lacerda é o Marquinho China, companheiro de bairro de Renatinho Partideiro. Confessa China: “O Renatinho, que também é de Pilares, é um dos melhores. Um perigo!”. Nas quartas-feiras do final dos anos setenta, no Cacique de Ramos, Marquinho testemunhou a apresentação de sambas inéditos (ou “fresquinhos”, como diziam) lançados por Beto Sem Braço, Almir Guineto, Luis Carlos da Vila, Jorge Aragão, Jotabê, Dida e Neoci. Como se não bastasse, o Partido-Alto corria solto. Os versos de Baiano, Denir de Lima, Guineto, Sem Braço, Arlindo, Zeca Pagodinho, Cláudio Camunguelo e outros completavam-se no ar; ar respirado e mantido pelo cauteloso observador: “Era complicado entrar. Só tinha cobra, parecia o Butantã.”, recorda. Mas, com respeito, entrou, e hoje é respeitado.

Além do verso dolente e imediato, compôs sambas em parceira com Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Sombrinha, Jotabê, Rico Dorilêo, Pedrinho da Flor, Seu Irany Serra (pai de Guineto), Marquinhos PQD e outros manos. Sambas que foram gravados por Guineto, Zeca, Alcione, Fundo de Quintal, Reynaldo, Arlindo & Sombrinha e Beth Carvalho. E a vida seguia pelo pagode da Tia Doca (em Oswaldo Cruz) para admirar o improviso perfeito e ciscador de Casquinha; pela Beira do Rio, de Mauro Diniz e Adilson Victor; pelo primeiro pagode do Arlindo (na Padre Telêmaco); e pelo Pagofone, no Bar do Dodi, cruzamento da Honório com Silva Mourão, no Cachambi. Neste último, assentou praça até o início dos anos noventa, amarrou com Paulo Figueiredo uma amizade invulgar e estreitou ainda mais os laços com o Negão da Abolição: “o Rei da noite!” , como Marquinho faz questão de frisar.

Por conta do batente, eventualmente aparece. Porém, numa tarde e noite de Partido-Alto no CCBB, mediu versos com Arlindo Cruz, Camunguelo e Nei Lopes. Venceu o público. O Teatro Rival também ouviu os improvisos com Jorge Presença, Renatinho e Arlindo. A boa Curitiba acolheu o versado ao lado de Tantinho da Mangueira. Tempos mais tranqüilos, o partideiro de verso elegante, bem rimado e inspirado visita mais amiúde a efervescente Lapa de hoje para dividir com mais uma rapaziada os velhos sambas dos grandes mestres.

fonte: Feitoria Cimples Ócio


"Coração Em Desalinho" Monarco & Marquinho China.

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