noite ilustrada

Mineiro de Pirapetinga e filho de Alexandrina de Souza Conceição (doméstica) e de Mário de Souza Marques (motorista da General Electric e professor de inglês), Mário de Souza Marques Filho (n. 10 de abril de 1928) mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro. Na então capital federal foi estudar no SAM (Serviço de Atendimento aos Menores) e, com oito anos de idade, no Instituto Profissional Getúlio Vargas, de onde saiu com 16 anos. Durante o recreio do colégio interno, cantava e tocava tantã em conjuntos vocais amadores inspirados nos Anjos do Inferno, Bando da Lua e Quatro Ases e um Curinga. Dividindo suas atenções entre o campo de futebol (lateral esquerdo do time do Comercial carioca) e as ondas radiofônicas daqueles anos 40 e 50, Mário Marques ganhava a vida trabalhando com móveis de vime na fábrica Casa Flor, em Vila Isabel. Como a maioria dos funcionários moravam na Mangueira, assistiu - escondido dos binóculos do pai batista, que não gostava dessas atividades - diversos ensaios e reuniões de samba no bairro Maracanã.

Violonista desde os 20 anos, o aspirante a futebolista conhecido por Mário da Viola ou Bom Crioulo definiria sua posição a partir de um convite do humorista e ator Zé Trindade (Milton da Silva Bittencourt, 1915-1990) para integrar o elenco de sua caravana durante uma excursão de um mês. Desejando aumentar o tempo dos espetáculos, Zé Trindade intimou Mário Marques a, além de acompanhar com seu violão os artistas da excursão, soltar o vozeirão. Mas na estréia, o comediante esqueceu seu nome, resolvendo o lapso de memória ao lembrar-se da revista de variedades A Noite Ilustrada da qual o debutante era leitor assíduo. Batizou-o com o nome da publicação.

Fã do repertório de Cyro Monteiro, Ataulfo Alves, Nelson Cavaquinho, Risadinha, Blecaute, Jorge Veiga e Moreira da Silva, e freqüentador do ponto dos músicos, na Praça Tiradentes, Noite Ilustrada apresentou-se com a G.R.E.S. da Portela, sua escola de samba, em São Paulo em 1955. Com a dificuldade em se firmar artisticamente no Rio de Janeiro, mudou-se para a capital paulista onde trabalhou como cantor e violonista em diversas boates.

Em 1957, durante uma apresentação noturna, foi convidado a integrar o elenco da Rádio Nacional paulista e gravar seu primeiro disco. No mesmo ano lançou pela Mocambo o 78 rotações com “Se eu soubesse sambar” (Jorge Costa) e "Quem faltava no samba”, de sua autoria. Em 1958 outro 78 rpm, com “Cara de boboca” (Jaime Silva e Edmundo Andrade) e “Castiguei” (Jorge Costa e Venâncio), seguido pelo primeiro LP (Cara de boboca, Mocambo).

Em 1962 assinou contrato com a multinacional Philips e logo no LP de estréia projetou-se nacionalmente através do samba “Volta por cima” (Paulo Vanzolini). Nesta companhia ainda gravou outros quatro discos e confeccionou sucessos como “Serra da Boa Esperança” (Lamartine Babo), “O neguinho e a senhorita” (Noel Rosa de Oliveira e Abelardo da Silva), “Idade de fazer bobagem” (Alcebíades Nogueira), “Depois do carnaval” (Jorge Costa e Paulo Roberto), “Pedra 90” (Dora Lopes e Linda Rodriuges) e as autorais “Surpresa”, “Andorinha”, “Tropeçando na idade”, “Pode voltar” e “Sozinho”.

Fora da Philips, gravou em 1967 pela O.P.P. Samba, chamando atenção da Continental que adquiriu os direitos do álbum e o contratou. Lançou em seguida um compacto simples com “Transplante de coração” (César Cava) e “Marina” (Synval Silva), esta uma das finalistas da I Bienal do Samba realizada em São Paulo pela TV Record (1968).

Na Continental lançou discos importantes como Revivendo o mestre Ataulfo (1969), Samba sem problemas (1970), Papo furado - Isaura Garcia e Noite Ilustrada (1970, com produção de Herminio Bello de Carvalho), Noite Ilustrada interpreta Marques Filho (1972) e Samba sem hora marcada (1974). Em 1971, excursionou por algumas cidades norte-americanas e faturou o carnaval de São Paulo com o samba autoral “Está chegando a hora”.

Sempre fiel às suas raízes sambísticas, Noite Ilustrada gravou em 1975 e 76 dois álbuns homônimos pela Tapecar e em 1977 um pela RCA Victor (Vale uma parada), interpretando diversas músicas de Chico Buarque como “Mulheres de Atenas” (com Augusto Boal), “Olhos nos olhos”, “Meu caro amigo” (com Francis Hime) e “Vai trabalhar vagabundo”, e Maysa (“Ouça” e “Meu mundo caiu”).

De volta à Continental, lançou Não me deixe só (1978) e Noite Ilustrada à vontade (1979). Nos anos seguintes, prefaciados pelos lançamentos O fino do samba (Cristal/WEA, 1981), com obras de Ary Barroso, Ismael Silva, Cartola, Candeia, Geraldo Pereira e outros, e A profecia (Memória/Fermata, 1982), transferiu-se para Recife, PE, onde gravou pela Polydisc cinco LPs com músicas inéditas e antigos sucessos. Em 1980, Paulo Viana Maciel lançou a biografia Noite Ilustrada, de Pirapetinga para o Brasil, pela Milesi Editora Ltda.

Com Cada vez melhor (1986), que revelou a autoral “Água bebida”, conquistou disco de platina (250 mil cópias vendidas) e selou o início de sua temporada discográfica de sucesso no Norte e Nordeste brasileiros. Um dos fundadores da Ordem dos Músicos, Noite Ilustrada retornou a São Paulo em 1994, firmando residência na interiorana Atibaia, a mesma cidade escolhida pelo Silvio Caldas (1908-1998). Convidado pelo produtor e diretor de programa de TV Fernando Faro, o cantor, compositor e violonista mineiro gravou em 2001, aos 73 anos, Perfil de um sambista (Trama). Com 13 regravações (“Pra machucar meu coração”, de Ary Barroso; “Meus 20 anos”, de Silvio Caldas; “Volta por cima”, de Paulo Vanzolini; e “Cadeira de bar”, de sua autoria) e uma inédita (faixa-título composta por Adauto Santos), o álbum em edição luxuosa buscou resgatar, com arranjos do baixista Sizão Machado e do trombonista Bocato, a sonoridade da orquestra do maestro Portinho, que acompanhou Noite Ilustrada em alguns de seus primeiros LPs.

Em 28 de julho de 2003, Mário de Souza Marques Filho, o Noite Ilustrada, morreu em Atibaia depois de lutar por sete anos contra um câncer no pulmão. Tinha 75 anos. Deixou gravados dois discos que saíram no mesmo ano pela gravadora Atração: Ao mestre com carinho – Noite Ilustrada canta Ataulfo Alves e Noite Ilustrada canta Lupicínio Rodrigues.

fonte: Ricardo Tacioli


Talves foi a ultima apresentação desse grande cantor Noite Ilustrada, ao qual deixou muitas saudades para todo o Brasil.

3 comentários:

  1. Parabéns por seu Blog, usei-o como referencia para postagem da biografia de Noite Ilustrada juntamente com outras fontes.
    Esse trabalho que você faz é de suma importãncia pois precisamos difundir cultura para todos!!!!
    Nborgna1@gmail.com.br
    Http://ativismocontraaidstb.blogspot.com

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  2. Gostaria de saber se o saudoso Noite Ilustrada tem algum filho cantor caso positivo como é seu nome, pode responder para meu e-mail.
    Saudações
    florianof@ig.com.br

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  3. sou de pirapetinga,mg e me orgulha muito sabe q um grande cantor levou o nome da minha cidade a esse imendo pais, mas me vergonha tabém em sabe que aqui nunca recebeu uma homenagem.E tabém gostaria de sabe se ele deixou filhos e netos.

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