Orlando Silva

Orlando Garcia da Silva nasceu em 3.10.1915 em Engenho de Dentro, bairro do Rio de Janeiro, filho de um ferroviário que faleceu em 1918 durante a gripe espanhola. Estudou até o primário e desde pequeno gostava de cantar as modinhas em voga. Trabalhou em vários empregos e com 16 anos perdeu alguns dedos do pé esquerdo ao saltar de um bonde em movimento. Precisou arranjar, então, um emprego em que pudesse trabalhar sentado, vindo em boa hora o de trocador de ônibus, tendo nos seus companheiros de empresa seu primeiro público.

Incentivado por todos, procurou os programas de calouros. Na Rádio Philips foi reprovado por causa do seu nervosismo. Na Rádio Cajuti não lhe davam nenhuma oportunidade. A ponto de desistir, foi ouvido no corredor da emissora pelo compositor Bororó, que imediatamente o levou até Francisco Alves, o qual gostou de sua voz e o admitiu no programa que dias depois iria estrear, por ironia, na mesma Rádio Cajuti que o estava ignorando. Assim, estreou no Rádio em 24.6.1934. Logo depois fez um disco na Colúmbia para o carnaval do ano seguinte e gravou uma marcha de propaganda para a Brahma, antes de assinar contrato com a R.C.A. - Victor.

Os sucessos foram aparecendo e em 1936 estreou no cinema, no filme Cidade Mulher. Nesse ano foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, degrau importantíssimo de sua carreira. Em 1937, com a valsa Lábios Que Beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo), subiu ao topo como grande astro. Cada disco seu correspondia a dois sucessos absolutos. No início de 1938, antes do carnaval, vai a São Paulo, tendo na capital paulista uma extraordinária recepção popular, necessitando muitas vezes de escolta policial para escapar da vibração dos admiradores. Na volta à Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o apresentador Oduwaldo Cozzi, em dado momento o chama de O Cantor das Multidões, e este passou a ser o seu slogan.

Em 1939 participa do filme Banana da Terra, no qual canta A Jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto). Nesse ano vai consultar o tenor italiano Tito Schipa, que, depois de ouvi-lo, diz-lhe que não precisava estudar nada, pois a natureza lhe havia dado tudo.

Por volta de 1943 começaram a surgir problemas de ordem pessoal que prejudicaram sua luminosa carreira, inclusive um de natureza sentimental com a cantora a radioatriz Zezé Fonseca. Mesmo assim, e tendo se transferido em 1942 para a Odeon, continuou a lançar sucessos. Em 1946 sai da Rádio Nacional para atravessar um período particularmente critico, que sua união, em 1947, com Maria de Lourdes, o grande amor de sua vida, aos poucos consegue superar. Volta à Rádio Nacional e substitui Francisco Alves, que havia falecido, em 1952, no programa Quando os Ponteiros se Encontram, do meio-dia dos domingos.

Em 1953 é eleito Rei do Rádio e também recebe uma medalha de ouro como o melhor cantor do ano. Recuperada a popularidade, daí em diante levou uma existência tranqüila e confortável, apresentando-se por todo o Brasil, tendo gravado vários LPs. Três dias depois de um derrame, em sua casa na ilha do Governador, vem a falecer, em 7.8.1978, no Hospital Grafée Guinle, no Rio de Janeiro. Seu velamento aconteceu na sede do C.R.Flamengo, e o sepultamento, no cemitério de São João Batista, de onde foi trasladado dois anos depois para o Cemitério do Caju.

Na música popular brasileira seu nome não desaparecerá enquanto for apreciada a arte de cantar em sua mais alta expressão.

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