Paula do Salgueiro

Paula da Silva Campos ou Paula do Salgueiro, era da época em que as escolas de samba traziam da própria quadra, dentro da corda (única e respeitada barreira entre a agremiação em desfile e a platéia em plena rua), sua maior atração feminina, a passista. Paula talvez tenha sido a maior das passistas; certamente foi a mais famosa. Começou a encantar o público numa pequena escola de Niterói, a Combinado do Amor, nos anos 40. No início da década seguinte, assistia, sambando, a uma exibição do Salgueiro na Praça Saenz Peña. Um diretor puxou-a para o interior da escola, que a partir dali ela iria engrandecer. Fluminense de Cantagalo, Paula era até então empregada doméstica.

No Salgueiro, impôs-se pelos passos - o passista dança sem nunca afastar os pés do chão, esclareceu uma vez - e pelo porte: logo iniciaria uma carreira paralela, de 30 anos, de modelo nos estúdios da Escola Nacional de Belas-Artes. Foi também bailarina dos conjuntos folclóricos de Mercedes Batista e do poeta Solano Trindade, e do grupo Brasiliana. Com este último viajou Por muitos países: Alemanha, França, Portugal e Suíça. Durante cerca de três décadas, Paula foi uma das maiores atrações do desfile principal do Carnaval, até que o médicos decretaram, devido a uma artrose, o fim de sua carreira. Dois compositores consagrados, Nei Lopes e Dauro do Salgueiro, fizeram no fim dos anos 70, quando o desfile das escolas já ganhava outros rumos, um samba para homenageá-la em vida: "Paula é uma das poucas/ Que ainda nos deixam/ Com água na boca/ No bom miudinho/ No Machucadinho/ No dengo, meu bem".

(Adaptado de artigo do Jornal do Brasil de 09 de Agosto de 2001)

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