
Foram as canções inspiradas desses bambas que fizeram com que o Salgueiro passasse a ser respeitado por todas as demais escolas de samba. Mesmo com a qualidade de seus compositores, o Salgueiro, com suas três escolas, não conseguia ameaçar o predomínio das maiores escolas de então - Mangueira, Portela e Império Serrano. Os sambistas de outros morros respeitavam os salgueirenses e citavam seus compositores, passistas e batuqueiros como o que havia de melhor no mundo samba. Mas, nos desfiles da Praça XI ... nada acontecia. Componentes e baterias das três escolas se juntaram somando cores e bandeiras e arrastando o povo para a Praça Saenz Peña. Foi o estopim para a fusão. Depois de algumas reuniões em que foram decididos o nome e as cores da nova escola do morro, em 5 de março de 1953, os componentes da Depois Eu Digo e da Azul e Branco se uniram fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, com as cores vermelho e branco, uma combinação que já era a quebra de um tabu, uma vez que, naquela época todos achavam que "crioulo com roupa vermelha parecia o demônio". A Unidos do Salgueiro desapareceu anos depois e seus integrantes se juntaram aos Acadêmicos do Salgueiro.A QUADRA - Inicialmente, a quadra de ensaios do Salgueiro - quadra Casemiro Calça Larga - ficava na subida do Morro do Salgueiro. Com o sucesso da escola na década de 60, seus ensaios, antes freqüentados apenas pelos moradores do morro e por componentes da escola, passaram a contar com a presença da classe média do Rio de Janeiro e de turistas, que se aventuravam a subir o morro para apreciar os espetáculos dados por Paula, Isabel Valença, Narcisa, Roxinha, Vitamina, Damásio e outros, os verdadeiros artistas do Salgueiro. Como a pequena quadra, sem infra-estrutura, já não comportava mais tanta gente, na metade da década surgiu a idéia de "descer a escola para o asfalto" e realizar os ensaios em um local maior e de mais fácil acesso. A saída foi alugar a quadra de esportes do Maxwell Esporte Clube, em Vila Isabel. A proximidade das eleições da escola em 1976 mobilizou toda a escola e uma das plataformas de um dos candidatos, Euclides Pannar, o China Cabeça Branca, era justamente dar uma quadra de ensaios e uma sede própria à escola. Vencedor nas eleições, China cumpriu sua promessa. Sabedor da briga judicial entre o Confiança Atlético Clube e o Grupo Abdala pela posse do terreno onde ficava o Clube, na Rua Silva Teles, 104. China juntou-se ao Confiança e, juntos, ganharam a liminar. Em troca do apoio, o Confiança cedeu parte do terreno à escola, que, ganhava, assim, sua sede. Os componentes da escola se uniram em mutirão e construíram a sede da escola. No dia 3 de outubro de 1976 a nação vermelha e branca inaugurava a quadra e sede da escola, considerada uma das melhores da cidade e motivo de orgulho para todos salgueirenses. A escola passou a utilizar a quadra, mas uma briga judicial continuou nos anos seguintes se arrastando por quase 30 anos. Em uma ocasião, às vésperas do carnaval de 1995, a escola chegou até a ser despejada, tendo que ensaiar na rua. Em 2004, porém, o Salgueiro, recebeu, da prefeitura da cidade, o Termo de Permissão de uso do terreno para desenvolver suas atividades culturais e esportivas, o que assegurou à escola um espaço permanente para seus ensaios e projetos sócio-culturais.
memórias do carnaval
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