
Nos anos 70, os dirigentes começaram a virar essa situação buscando gente nova para recuperar o prestígio da Escola. Com o assessoramento dos antigos e a comunicação com a comunidade a agremiação melhorou significativamente seus resultados nos concursos. Nessa época, outros artistas contribuíram com a ascensão da Escola. Dentre eles, Laíla (o da Beija-Flor) filiou-se à Unidos da Tijuca; Paulo César Cardoso apresentou enredos mais modernos e nacionalistas; e Renato Lage criou cenografias fantásticas aliando o tradicional ao moderno, fazendo com que, em 1980, a agremiação retornasse ao primeiro grupo, depois de 22 anos no grupo de acesso. Porém, nessa década, a Unidos da Tijuca passou outra vez por dificuldades e freqüentou alternadamente por mais dois anos o Grupo de Acesso, em 85 e em 87. A última vez em que foi rebaixada foi em 1998, quando apresentou enredo em homenagem ao navegador e time Vasco da Gama. Mas em 1999 deu a volta por cima no Acesso A, fazendo um brilhante carnaval com um sambas-enredo considerado um dos mais bonitos de todos os tempos: “O dono da Terra”, exaltando o índio brasileiro, sua cultura e lendas. Voltou ao Grupo Especial em 2000 com um grande desfile que a classificou entre as cinco melhores, permitindo seu retorno no Desfile das Campeãs. A partir de 2004, com a contratação do carnavalesco Paulo Barros, a Unidos da Tijuca surpreendeu e conquistou o público e a imprensa, garantindo o seu lugar entre as primeiras colocadas, apresentando a cada ano magníficos e admiráveis carnavais. Ocorre, então, o resgate da auto-estima do tijucano que participa mais de sua Escola, ao mesmo tempo em que a agremiação ganha outros e novos adeptos, passando a ser vista por todos com o merecido reconhecimento e respeito do mundo do samba. A Unidos da Tijuca se estruturou e se solidificou, sendo hoje uma das Escolas mais aguardadas da Sapucaí. Aplaudida pelo público e pela imprensa, passou a integrar, consecutivamente, o elenco das Escolas do desfile das campeãs, disputando ano a ano o título do Carnaval carioca. Nossa Escola obteve uma excelente colocação em 2007 (4º lugar), com o enredo sobre a fotografia, de Luiz Carlos Bruno – há 27 anos fazendo parte da família tijucana e que, a partir de 2006, passou a acumular as funções de Carnavalesco e Diretor de Carnaval, dividindo a parte plástica com Lane Santana. Em 2008, Bruno, como é conhecido na agremiação, assina sozinho o Carnaval com mais um enredo inédito de sua autoria, no qual aborda a importância histórica e cultural das coleções e dos colecionadores.
Não é por acaso que a Unidos da Tijuca tem o pavão real como símbolo e o azul e o amarelo ouro como cores. Existem duas histórias que justificam a adoção desta identificação por nossa agremiação. Contam que, na época de sua fundação, a Escola primeiramente adotou como símbolo o emblema representando mãos entrelaçadas em união com o ramo de café, em referência à Tijuca antiga com suas plantações. As cores amarelo ouro e azul-pavão foram adotadas da Casa de Bragança, cores usadas na Corte Imperial e que significavam prova de bom gosto em suas vestimentas. Ambos, símbolo e cores, atribuídos como idéias de Bento Vasconcelos, um dos principais fundadores da Unidos da Tijuca. Outra vertente registra que, em 1931, existia no sopé do morro do Borel a “Grande Fábrica de Cigarros, Fumos e Rapé de Borel & Cia”. A vistosa figura de um pavão-real, nas cores azul e amarelo ouro, estampava as embalagens de alguns produtos dessa fábrica e tabacaria. No dia 31 de dezembro desse mesmo ano, ali perto, na subida da Rua São Miguel, homens e mulheres, moradores do local e adjacências, fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca, adotando o pavão como símbolo e as cores azul e amarelo ouro, em referência ao logotipo identificador daquela empresa de cigarros do local. Mas para a inclusão do pavão como símbolo tijucano no carro Abre-Alas da agremiação há outra história: Em 1983, entre os meses de agosto e setembro, na disputa de samba-enredo para o Carnaval de 1984, a Escola se preparava para abrir o desfile do Grupo Especial, inaugurando, assim, o Sambódromo. O pavão já figurava como símbolo chamativo com as cores da agremiação em camisetas com propaganda do enredo daquele ano “Salamaleikum, a epopéia dos insubmissos malês”. Consta que o compositor Carlinhos Melodia sugeriu ao então Presidente Luis Carlos Cruz que fosse colocado o pavão no abre-alas, pois enquanto as outras Escolas tinham aves e outros animais vistosos chamando a atenção do público, o antigo símbolo da Tijuca – duas mãos entrelaçadas e circundadas por dois ramos, um de café e outro de fumo, com as letras UT, abreviação de Unidos da Tijuca – trazia um símbolo de sofrimento e de resistência. A partir daí, atendendo a sugestão do compositor, a Unidos da Tijuca substituiu o símbolo anterior da agremiação, e em 1984 entrou pela primeira vez na Avenida com o pavão como símbolo maior tijucano.
Memórias do Carnaval
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