jovelina pérola negra

A voz amarfanhada da pagodeira Jovelina Pérola Negra (1944-1998) tem estirpe e a coloca entre as grandes damas do samba, de Clementina de Jesus a D. Ivone Lara. Ex-empregada doméstica como Clementina, Jovelina Faria Belfort desfilava na ala das baianas do Império Serrano e ficou conhecida como partideira animando o Botequim da escola da Serrinha ao lado de Roberto Ribeiro e Jorginho do Império. Em 1985 escalou o pau-de-sebo (disco de diversos intérpretes iniciantes que serve como teste de popularidade) que projetou Zeca Pagodinho, entre outros. Embora em menor proporção que o colega, ela também estourou no mercado. Essa antologia empilha os melhores momentos (registrados no selo RGE) de uma carreira cortada subitamente por um enfarte dois anos atrás. No repertório de raiz , centrado no partido alto dos fundos de quintal movido a banjo e tantã, há desde outro sambista precocemente falecido, o Guará de Sorriso Aberto e Sonho Juvenil ao Nei Lopes de Camarão com Chuchu, o Mauro Diniz (filho de Monarco) de Malandro Também Chora e Passarinheiro Fanfarrão (com Monarco e Ratinho). Outros especialistas no estilo desalinhado do pagode (que punkiou o samba dos 80) entram na divisão esperta e bem humorada da autora de Feirinha da Pavuna e Peruca de Touro (com Carlito Cavalcanti) como Adilson Bispo (Confusão na Horta, com Zé Roberto e Simões PQD) e o Beto Sem Braço de Menina Você Bebeu, com Acyr Marques e o mesmo Arlindo Cruz (cuja mãe na época comandava um fundo de quintal básico em Cascadura) do clássico Bagaço da Laranja, que a cantora divide no gogó com o co-autor Zeca Pagodinho. O suprassumo do pagode na voz de sua diva sem pedestal.

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