germano mathias

Germano Mathias nasceu no dia 2 de junho de 1934 no bairro do Pari, zona leste de São Paulo. Passou infância e adolescência estudando no Centro da cidade e quando saía da escola dava de cara com as rodas de batucada feitas pelos engraxates nas praças Clóvis Bevilacqua e João Mendes. Todos batucavam nas próprias latinhas de graxa e Germano passou então a acompanhá-los. Logo se mostrou espantosamente hábil o que lhe valeu um convite para tocar frigideira na bateria da Escola de Samba Rosas Negras. Incentivado por um amigo batuqueiro, participou em outubro de 1955 do concurso À Procura de Um Astro na Rádio Tupi. Ganhou o primeiro lugar com um samba sincopado e logo foi contratado pela rádio que o registrou como “cantor e executante de instrumentos exóticos” (a tal lata de graxa). Esse estilo de samba com divisões bem marcadas e uma batida diferente tornou-se a marca registrada do cantor, e eventual compositor. Em 1956 gravou seu primeiro LP de 78 rotações pela Polydor onde no lado A estava “Minha nêga na janela” (Germano Mathias/Doca) e no outro lado, “Minha pretinha” (Edison Borges/Jair Gonçalves). No ano seguinte lançou um outro 78 rotações com as músicas “A situação do escurinho” (Padeirinho/Aldacir Louro) e “Falso rebolado” (Venâncio/Jorge Costa) e seu primeiro LP Germano Mathias, o Sambista Diferente, ambos pela Polydor. Ganhou pelo LP os prêmios Roquete Pinto e Guarani.

Em 1958 mudou-se para a RGE e lançou um de seus maiores sucessos, “Guarde a sandália dela” (Germano Mathias/Sereno), que mais tarde foi gravado pela dupla Elis Regina e Jair Rodrigues. O sucesso de Germano Mathias aumentou ainda mais quando apareceu na TV, pois todos achavam que o sambista fosse negro e o que apareceu na telinha foi um jovem branco, bem vestido e extremamente bem humorado que adorava fazer das suas “presepadas” no palco. O sucesso foi tão rápido que em 1959 participou de dois filmes: O Preço da Vitória de Oswaldo Sampaio e Quem Roubou Meu Samba? de Hélio Barroso e José Carlos Burle. O sucesso de Germano durou do final da década de 1950 até o final da década de 1960, onde frequentemente era campeão de vendas de discos. Foi o primeiro a gravar um samba de Geraldo Filme. Isso aconteceu no LP Ginga no Asfalto (1962, Odeon) e o samba chamava-se “Baiano capoeira”, feito em parceria com Jorge Costa. Germano Mathias também gravou Zé Ketti (“Malvadeza Durão”, “Opinião”, “Mexi com ela” e “Nega Dina”, entre outros), Nelson Cavaquinho (“História de um valente”), Herivelto Martins (“Vaidosa”), Gordurinha (“Carta a Maceió”) e, acima de tudo, os amigos Jorge Costa e Elzo Augusto.

Ainda no auge da carreira, mais precisamente em 1º de maio de 1967, recebeu o diploma de Bacharel do Samba da Ordem da Palheta Dourada, conferido pela Escola de Samba X-9. A entrega do título chegou aos ouvidos do apresentador de TV Randal Juliano que logo apelidou Germano Mathias de ‘O Catedrático do Samba’. No mesmo ano apresentou o programa de TV Nosso Ritmo é Sucesso na TV Globo de São Paulo.

Sua carreira foi minguando durante a década de 1970 um tanto por causa de seu gênio intempestivo. Todo o dinheiro que conseguiu na década de 1960 foi sendo gradativamente perdido em farras e jogos. Voltou a ser ouvido em 1978 quando a Phonogram lançou a compilação Antologia do Samba-Choro onde Germano Mathias dividiu espaço no LP com Gilberto Gil. Depois disso foi quase totalmente esquecido no decorrer das décadas de 1980 e 90. Emplacou uma música (“Jerônimo”) na trilha sonora da novela Cambalacho na TV Globo e fez algumas participações em discos de outros. Em 1999 participou do CD História do Samba Paulista Vol. 1 (CPC UMES) onde cantou os sambas “Bandeira do Timão” (Elzo Augusto) e “Último sambista” (Geraldo Filme), dividindo atenções com Oswaldinho da Cuíca, Thobias da Vai-Vai e Aldo Bueno.

Em 2002 lançou seu primeiro CD, Talento de Bamba (Atração), exatos 28 anos depois de seu último disco-solo. Germano Mathias ganhou elogios da crítica e voltou a fazer shows com o que melhor sabe fazer, sambas rápidos e bem-humorados. O disco foi todo feito a partir de composições de Elzo Augusto, tais como “Costela predileta”, “Pega leve”, “Produto brasileiro” e “São Paulo, mãe-madrinha”. Três anos depois, um outro velho sonho se concretiza e Germano lança Tributo a Caco Velho (Atração, 2005), todo feito sobre sambas do gaúcho Matheus Nunes, o Caco Velho, tais como “Uma crioula” e “Que baixo...!”.

fonte: Dafne Sampaio

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