
Abrindo o disco, Luz de Verão é uma dolente parceria póstuma com Candeia, feita 25 depois da morte do sambista, a partir de uma gravação inédita garimpada dos arquivos de Cristina Buarque. A letra de Marquinhos, escrita logo depois do enterro de Alberto Lonato (morto em janeiro de 98), integrante da Velha Guarda da Portela, é uma bela e pungente homenagem ("não, o surdo não disse fim/ com a marcação/ sambas são pés que passam/ fecundando o chão/ chamas da profissão"). Mas o repertório não é composto exclusivamente por músicas de Marquinhos. Há uma seleção e tanto de sambas pouco conhecidos fora da rodas, como Minha Querida, Homenagem à Velha Guarda, as complementares Enquanto a Cidade Dorme e Manhã Brasileira e Meu Bairro, uma verdadeira preciosidade de Casquinha, felizmente tirada do baú. Com esmerada produção musical de Paulão 7 Cordas, a parte instrumental - totalmente acústica - é primorosa. O único senão do disco fica por conta dos dotes vocais de Marquinhos. Bom compositor, ótimo letrista, enquanto intérprete fica muito aquém do esperado, apresentando sérios problemas de afinação em praticamente todas as faixas. No calor da roda de samba passa. Mas no disco, a precisão do estúdio é mortal. Fica a torcida para que ofereça todo seu talento de sambista a intérpretes de melhor calibre.
fonte: Nana Vaz de Castro
Marquinho de Oswaldo Cruz canta "Geografia Popular".
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