Nascido em 3 de março de 1927 e morador do Engenho de Dentro, Waldir 59 é um dos maiores ícones da história da Portela e uma lenda viva a serviço do Carnaval. Muito elegante, porém debilitado e sofrendo com uma incômoda catarata, o compositor conversou com o TUDO DE SAMBA.
Ao lado de Candeia, ele foi o maior vencedor de sambas-enredo da agremiação, na década de 50. Aos 88 anos, Waldir de Souza Pires fala com carinho de sua escola de coração.
– A Portela é minha vida, foram 21 vitórias e algumas delas com sambas de minha autoria, junto com o meu querido amigo Candeia, nos anos de 55, 56, 57, 59, e com Picolino, em 1965 – contou emocionado.
Waldir 59 na comemoração de seu aniversário de 88 anos - quadra da Portela
Quando jovem, recebeu o apelido 59. A alcunha veio porque existiam três pessoas com o nome Waldir na ala de compositores da azul e branco. Assim ficou conhecido, pois morava numa casa identificada com o mesmo número descrito, próxima ao local de encontros dos portelenses. O artista falou sobre sua história, do amor pela Portela e revelou se sentir valorizado:
– Eu me sinto feliz quando vou à quadra, o portelense me respeita. Eu sempre amei a minha escola. Quando eu trabalhava como funcionário de um escritório, na década de 40, eu saia do serviço e ia compor com amigos. Na época, eu fazia paródias dos sambas famosos da Portela.
O autor se lembra do refrão de uma de suas primeiras composições:
– Quem te viu meu Deus do céu, já te conheceu. Quem te vê, onde estás não me conhece mais – cantarolou o integrante da Velha Guarda Show da Portela.
Sendo considerado um dos maiores bambas do Carnaval, ele também foi responsável por levar grandes nomes do samba para a quadra portelense. Waldir integrou Clara Nunes e Paulinho da Viola ao time de craques da escola.
Amigos para eternidade
Monarco, cinco anos mais novo, cantor, compositor e líder da Velha Guarda mais tradicional do samba, falou com carinho do amigo.
– Um grande companheiro. Ele é considerado como o número um. Sempre foi fiel à escola, disciplinado e sempre andou elegante. É um portelense de verdade – concluiu dando voz a outro contemporâneo.
Noca, 82 anos, autor do samba oficial da Portela no Carnaval 2015 e vencedor em outras seis oportunidades revelou suas inspirações:
– Quando eu comecei, ele já era estrela, foi um dos maiores ganhadores de samba-enredo na nossa época de ouro. Nós temos por ele um grande carinho – completou.
Monarco e Noca da Portela. Amigos e fãs de Waldir 59 / Foto: Amigos do Samba
Sorte no Samba e no amor
Além do carinho pelo do samba, o autor é marcado por um amor inesquecível: Dona Almerinda Bohmgahrem, de 73 anos, uma antiga namorada de Waldir. Bastou conversarmos sobre o relacionamento, que o apaixonado compositor recitou uma bela frase para a amada:
– A que completa a minha vida, toda linda: Almerinda – emocionando a todos.
O namoro durou 14 anos e, hoje, fica guardado na memória. Com olhos marejados, ela fala com gratidão dos tempos de casal:
– Ele era um homem poderoso, era gente da gente. Sempre estarei presente, esse amor nunca vai acabar – declarou Almerinda.
Waldir 59 com dona Almerinda. Antigos namorados
Por Kaio Sagaz
Tudo de Samba
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