Grupo que congrega os mais experientes nomes da famosa escola de samba do bairro carioca de Oswaldo Cruz, a Velha Guarda da Portela surgiu de uma iniciativa de Paulinho da Viola, notório portelense e um dos bambas mais proeminentes no âmbito nacional. Composta por sambistas de projeção nas rodas de samba do Rio – como Monarco, Casquinha, Jair do Cavaquinho e Argemiro do Patrocínio – a Velha Guarda teve parte de sua história registrada em um livro escrito por João Baptista – um dos fundadores da escola de samba Quilombo, através da qual Candeia, outro ilustre Portelense atentava para a massificação das escolas e a perda do sentido real do gênero – e por Carlos Monte – ex-diretor cultural da escola e pai da cantora Marisa Monte. A VELHA GUARDA FORMOSA E FACEIRA... Ventura - Ventura fez um dos primeiros sambas gravados por Moreira da Silva, por volta de 35, chamado "Vejo Lágrimas". Nunca deixou de participar ativamente da escola. Era um excelente partideiro, contribuiu bastante para o lançamento do CD "Portela, Passado de Glórias". Aniceto - É conhecido como autor de muitos partidos famosos. Tocador de violão-tenor, irmão de Manacéa e Mijinha, era tão tímido quanto seus irmãos. Tem muitos sucessos na Portela. Alberto Lonato - Andava pela Portela desde os primeiros momentos. Não era propriamente da escola, mas não perdia as reuniões e as festas na casa de "Seu" Napolleão, pai de Natal, Nozinho e Vicentina. Gostava de ver os amigos nos diversos redutos do samba daquele tempo: Favela, Estácio, Mangueira etc. Filiou-se definitivamente à Portela em 1942. Francisco Santana - É o autor do Hino da Portela. Compositor inspiradíssimo, parceiro de Monarco, dono de sucessos como "O Lenço", "Noite" e tantos outros. Antônio Rufino dos Reis - Autor de sambas de sucesso, conhecedor de jongos, conhecido e admirado por todos, foi uma das grandes figuras da criação da escola, da qual foi o primeiro tesoureiro. Mijinha - Grande compositor. Irmão de Aniceto e Manacéa. Seus sambas são de muita grandeza na melodia e suas letras, simples como ele, mas de uma força que não se pode explicar. Manacéa - O compositor mais humilde que se conhece. Tímido, Manacéa não revela no primeiro momento aquilo que é: um senhor compositor, dono de muitos sambas de sucesso. Os sambas-enredo de 1948, 1949 e 1950 e 1952 são seus e os de 1948 e 1950 foram feitos em parceria com Nilson e Aniceto, seu irmão. Alvaiade - Oswaldo dos Santos, ou Alvaiade, é outro que já deixou seu nome na história do samba. Foi um dos primeiros a conseguir gravação para suas músicas. Suas melodias são inspiradas e ele é bastante conhecido nos meios radiofônicos. Alcides Lopes - No passado, foi uma das grandes vozes da Portela. Partideiro de versos maravilhosos ("A rosa se desfolhou/ Só por se achar cansada/ De tanto fazer bonito/ No romper da madrugada"), era capaz de contar toda a história da escola. Armando Santos - Foi criador de um enredo na Portela que marcou época, "Festa Junina", cantado em fevereiro de 1955. Veio para escola no fim dos anos 30 e foi uma figura de relevo na direção. Antônio Caetano - Foi o idealizador dos primeiros enredos da escola, além de ser um compositor de grande talento e de ter cursado o Liceu de Artes e Ofícios, onde desenvolveu seu talento para a pintura. Caetano foi tão importante quanto Paulo, Heitor, Claudionor, Rufino e outros fundadores. FORMAÇÃO ATUAL DO GRUPO... Argemiro - Nobre representante do antigo estilo portelense de se tocar pandeiro, Argemiro Patrocínio é um dos cantores da atual formação da Velha Guarda. Nasceu em 28 de junho de 1923, mas diz só ter começado a compor sambas depois dos 50 anos. Entre eles há sucessos como "A chuva cai" e "Atenda o apelo", ambos com Casquinha, ambos gravados por Beth Carvalho. Preferiu não incluir nenhum dos seus sambas em "Tudo azul", mas sonha em deixá-los registrados: "Vou deixar para a História, para a eternidade". Áurea Maria - A mais nova das pastoras da Velha Guarda tem o samba nas veias: Áurea Maria de Almeida Andrade é filha de Manacéa, sobrinha de Mijinha, Aniceto e Lincoln, e também é uma compositora de primeira. "Volta meu amor", parceria com o pai, está em "Tudo azul" e tem sido cantada por Marisa Monte em seus shows. Só não toca instrumentos: "Meu pai não tinha paciência para me ensinar cavaquinho". Nascida em 1 de abril de 1952, começou a cantar na Velha Guarda em 1998. Cabelinho - Walter Silva de Vasconcellos Chaves toca surdo na bateria da Portela desde os 18 anos e até hoje desfila na escola entre os instrumentistas. É figura certa nos shows de Paulinho da Viola e também já acompanhou Clara Nunes e muitos outros sambistas. Nascido em 4 de junho de 1948, entrou na Velha Guarda ainda bem jovem, nos anos 70, substituindo no surdo Casquinha, que passou para o reco-reco. Casemiro da Cuíca - Casemiro Vieira é o mais antigo integrante da Velha Guarda atualmente, tendo nascido em 4 de abril de 1919. Está no grupo há 20 anos, mas já tem mais de 50 de Portela. Seu estilo é marcante e fiel à tradição: ao contrário dos mais jovens, que preferem água, ele ainda passa querosene no pano que segura para tocar a cuíca. Em "Tudo azul", canta seu samba "Tentação" acompanhado só de seu instrumento. Casquinha - Filho de pai alemão e mãe negra, nascido em 1 de dezembro de 1922, Otto Enrique Trepte praticamente apadrinhou Paulinho da Viola na Portela, compondo a segunda parte de "Recado", primeiro sucesso do sambista. Casquinha começou na Velha Guarda tocando surdo e hoje toca reco-reco, além de ser um dos cantores do grupo. Três sambas seus estão em "Tudo azul": "Vem amor", "Falsas juras" (parceria com Candeia) e "Corri pra ver" (com Chico Santana e Monarco). David do Pandeiro - David de Araújo não faz por menos: "Sou uma história do pandeiro nas escolas de samba". E é mesmo. Foi pioneiro no uso de malabarismos e coreografias nos desfiles e, no início dos anos 60, comandou uma ala de 12 pandeiristas, algo incomum na época. Passou por algumas escolas até se fixar na Portela, entrando para a Velha Guarda no lugar de Alberto Lonato. Nasceu em 28 de dezembro de 1934 e canta em "Tudo azul" uma parceria com Candeia, "Vai saudade". Doca - Cantora da Velha Guarda desde os anos 70 e pastora da Portela há décadas, Jilçária Cruz Costa, a Tia Doca, também é conhecida pelos tradicionais pagodes que organiza aos domingos. Nascida em 20 de dezembro de 1932, é uma figura queridíssima em Madureira e Oswaldo Cruz. Eunice - Eunice Fernandes da Silva já completou 25 anos de Velha Guarda, mas de Portela tem praticamente o tempo que tem de vida, iniciada em 16 de maio de 1920. É um grande símbolo da escola e diz que, apesar do cansaço, continua sentindo muito prazer em subir ao palco para cantar, ressaltando que com a Velha Guarda já pôde conhecer França e Itália. Guaracy - Amigo de infância de Martinho da Vila, Guaracy de Castro começou a tocar violão na Boca do Mato, subúrbio do Rio, chegando à Portela pelas mãos de Osmar do Cavaco, pai de Serginho Procópio, e passando a compor com Candeia e outros sambistas. Entrou na Velha Guarda há seis anos no lugar de Jorge. Nasceu em 5 de março de 1939 e tem várias músicas gravadas. Jair do Cavaquinho - Nascido em 26 de março de 1920, Jair de Araújo Costa foi o primeiro mascote da Portela, sendo uma das últimas testemunhas vivas da fundação da escola. Participou de grupos importantes como os Cinco Crioulos e A Voz do Morro e entrou na Velha Guarda nos anos 90, no lugar de Manacéa. Apesar do nome, hoje toca tamborim nos shows, mas empunhou o cavaquinho em quatro faixas de "Tudo azul", entre elas a sua "Eu te quero", parceria com Colombo que é uma pérola de sua extensa obra. Monarco - Hildmar Diniz tinha apenas 37 anos quando foi chamado para a Velha Guarda, já que seu samba "Passado de glórias" iria dar nome ao primeiro disco do grupo. Era 1970, e de lá para cá Monarco só fez consolidar as carreiras de cantor e compositor ("Amor verdadeiro", "Vai vadiar"...), mas nunca deixou a Velha Guarda, onde toca tamborim e é a voz principal. "Gosto de estar junto deles, me sinto feliz", justifica ele, nascido em 17 de agosto de 1933 e que tem três sambas em "Tudo azul", entre eles o clássico "Lenço". Serginho Procópio - Sérgio Procópio da Silva é o caçula da Velha Guarda. Nasceu em 5 de dezembro de 1967 e entrou para o grupo no ano passado em função da morte de seu pai, Osmar do Cavaco. Herdou o talento no uso do cavaquinho e a paixão pelos tradicionais sambas de terreiro da Portela, o que o faz já se sentir um veterano. Tocou, entre outros, com Zeca Pagodinho e Dona Ivone Lara. Surica - Nascida (em 17 de novembro de 1940) e criada em Madureira, Iranete Ferreira Barcelos está na Portela há 45 anos e na Velha Guarda desde 1981. "É em sua casa que o grupo costuma se reunir para ensaios e almoços. Na mesma gostosa vila de Madureira acontecem pagodes todos os sábados. Surica está concluindo agora seu primeiro disco solo.
paulinho da viola e a velha guarda da portela
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